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Cultura do milho: guia para lavouras de sucesso

Entenda tudo sobre a cultura do milho em nosso guia completo: desde a sua origem e importância até as tecnologias e tendências para o seu manejo.

O milho (Zea mays) é uma gramínea originária da América Central, onde foi domesticado há milhares de anos pelos povos nativos. Essa planta era considerada sagrada por várias civilizações antigas, como os astecas, os maias e os incas, que o usavam como base da sua dieta e como oferenda aos deuses.

Com as grandes navegações, o milho se difundiu pelo mundo, sendo introduzido na Europa, na África e na Ásia. No Brasil, o milho já era cultivado pelos índios guaranis antes da chegada dos colonizadores portugueses, que também o adotaram na sua alimentação.

Atualmente, o milho é o cereal mais produzido no mundo, superando o trigo e o arroz. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a produção mundial de milho foi de 1,1 bilhão de toneladas em 2020.

Atualmente, os maiores produtores são os Estados Unidos, a China, o Brasil e a Argentina, o que remete a grande importância econômica, social e ambiental do milho para o mundo.

Este guia ajudará você a desvendar os principais aspectos da cultura do milho. Vamos explorar desde a origem até as estratégias de sucesso, para que você possa dominar o manejo dessa cultura.

Vamos lá?

Importância socioeconômica do milho

O milho é um cereal de grande importância socioeconômica para o Brasil e para mundo, gerando emprego, renda, alimento e energia para milhões de pessoas: representa 3,2% de todo o saldo do agronegócio brasileiro (Figura 1).

importância econômica da cultura do milho
Figura 1. Importância econômica do milho. Fonte: Nidera (2022).

Abaixo, vamos detalhar pontos sobre esta importância:

  • O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de milho do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos;
  • O milho é a segunda maior cultura agrícola do Brasil, ocupando uma área de 18,7 milhões de hectares, equivalente a 10% do território nacional;
  • O milho é cultivado em todas as regiões do país, sendo que os principais estados produtores são Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais;
  • O milho é utilizado para a produção de diversos alimentos humanos, como farinha, fubá, canjica, pipoca, cuscuz e pamonha;
  • O consumo per capita de milho no Brasil é de 25 kg por ano;
  • O milho também é fonte de óleo vegetal, etanol, amido e outros produtos industriais.

Além disso, o Brasil possui o terceiro maior rebanho bovino do mundo, com 215 milhões de cabeças, e é o maior exportador de carne bovina e de frango.

Mas o que isso tem a ver com o milho?

O milho é a principal matéria-prima para a fabricação de rações animais, sendo consumido por aves, suínos, bovinos e outros animais, sendo usado também na produção de silagem.

O milho também é usado em sistemas integrados de produção agropecuária (ILPF), que combinam lavoura, pecuária e floresta em uma mesma área.

O cultivo do milho envolve cerca de 5 milhões de produtores rurais no Brasil, desde os pequenos agricultores familiares até os grandes empresários do agronegócio.

O cereal também tem um papel ecológico importante na conservação dos recursos naturais, como o solo, a água e a biodiversidade.

Portanto, o milho tem uma grande importância socioeconômica para o Brasil, sendo um dos pilares da agricultura nacional, pois é um alimento versátil e nutritivo, que atende às necessidades de diferentes segmentos.

Ecofisiologia e exigências edafoclimáticas para a cultura do milho

A ecofisiologia é o estudo das relações entre a fisiologia das plantas e o ambiente em que elas se desenvolvem.

A ecofisiologia da cultura do milho visa entender como os fatores climáticos, edáficos e genéticos afetam o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade do milho, bem como as formas de manejar esses fatores para otimizar o desempenho da cultura.

fases fenológicas do milho
Figura 2. Fases fenológicas do milho e necessidade hídrica diária em cada fase. Fonte: Oliveira (2021).

O milho é uma planta C4 de origem tropical, que exige calor e água para se desenvolver e produzir satisfatoriamente.

A temperatura, a radiação solar, a precipitação pluviométrica, o fotoperíodo, o déficit de pressão de vapor e a velocidade do vento são os principais fatores climáticos que influenciam a ecofisiologia do milho.

Cada um desses fatores tem uma relação com os processos metabólicos e morfológicos da planta, como a fotossíntese, a respiração, a transpiração, a evaporação, a translocação de fotoassimilados, a floração, a polinização, o enchimento de grãos e a senescência.

A temperatura é um dos fatores mais importantes para o milho, pois determina a duração do ciclo da cultura e a taxa de crescimento das plantas.

A temperatura ótima para o desenvolvimento do milho varia entre 24 e 30°C, sendo que temperaturas abaixo de 10°C ou acima de 35°C podem causar redução na produtividade ou até mesmo inviabilizar o cultivo.

A radiação solar é outro fator essencial para o milho, pois fornece a energia necessária para a fotossíntese, que é o processo pelo qual as plantas convertem dióxido de carbono e água em carboidratos e oxigênio.

A radiação solar também influencia o fotoperíodo, que é o período diário de exposição à luz.

O fotoperíodo afeta o florescimento do milho, que é uma planta de dia curto facultativa, ou seja, que floresce mais cedo quando submetida a dias curtos do que quando submetida a dias longos.

A precipitação pluviométrica é um fator que determina a disponibilidade hídrica do solo para o milho, que é uma cultura que demanda alta quantidade de água durante seu ciclo.

A deficiência hídrica pode causar estresse nas plantas de milho, reduzindo sua taxa fotossintética, sua área foliar, seu crescimento radicular e sua produtividade.

O estresse hídrico pode ser mais prejudicial em determinados estádios da cultura, como na floração e no enchimento de grãos.

O Déficit de Pressão de Vapor (DPV) é um fator que representa a diferença entre a pressão de vapor da água no ar e na folha.  Ele é depende da temperatura, da umidade relativa e da pressão atmosférica do ar.

  • Quanto maior o DPV, maior será a transpiração das plantas e maior será o risco de estresse hídrico. O DPV também afeta a abertura dos estômatos.

A velocidade do vento é um fator que influencia a troca de calor e massa entre as plantas e o ambiente.

O vento pode aumentar ou diminuir a transpiração das plantas, dependendo da sua intensidade e direção:

  • A transpiração pode ser aumentada quando remove o vapor de água da superfície das folhas, criando um gradiente de concentração entre o ar e a folha.
  • A transpiração pode ser diminuída quando a temperatura do ar é reduzida pelo vento ou quando a umidade relativa do ar é aumentada pelo vento.

Os fatores edáficos são aqueles relacionados às características físicas, químicas e biológicas do solo.

O solo é o meio onde as plantas de milho se fixam e obtêm água e nutrientes para seu desenvolvimento.

O solo também é o local onde ocorrem diversos processos biogeoquímicos que influenciam o ciclo do carbono, do nitrogênio, do fósforo e de outros elementos essenciais para as plantas.

O pH, a matéria orgânica, a fertilidade, a salinidade e a microbiota são características químicas e biológicas do solo que afetam o metabolismo das plantas de milho e sua nutrição mineral.

O pH é uma medida da acidez ou alcalinidade do solo. O pH influencia a disponibilidade dos nutrientes no solo, sendo que alguns nutrientes são mais solúveis em solos ácidos (como o ferro, o manganês, o zinco e o cobre) e outros em solos alcalinos (como o cálcio, o magnésio, o molibdênio e o boro).

A matéria orgânica é o conjunto de substâncias orgânicas presentes no solo, provenientes da decomposição de restos vegetais e animais.

A matéria orgânica influencia a capacidade de retenção de água, a fertilidade, a estabilidade e a atividade biológica do solo.

A fertilidade é a capacidade do solo em fornecer nutrientes essenciais para as plantas em quantidades adequadas e depende da composição mineralógica, da matéria orgânica, da acidez e da salinidade do solo.

Preparo do solo

O preparo do solo é o conjunto de práticas agrícolas realizadas antes do plantio com o objetivo de propiciar as condições ideais para o crescimento saudável das plantas.

A seguir destacamos algumas das etapas que devem ser verificadas antes da implantação da sua lavoura de milho:

Análise de solo e correção da acidez

A análise de solo permite conhecer as características químicas e físicas do solo, como o pH, a matéria orgânica, a fertilidade, a salinidade e a textura.

Essas informações são essenciais para determinar a necessidade de correção da acidez e da adubação do solo.

A acidez do solo é um fator que limita o crescimento e o desenvolvimento do milho, pois reduz a disponibilidade de nutrientes e aumenta a toxicidade de alumínio e manganês.

A correção da acidez é feita pela aplicação de calcário, que eleva o pH e fornece cálcio e magnésio para as plantas.

A quantidade de calcário a ser aplicada depende do pH atual, do pH desejado, da capacidade de troca catiônica (CTC) e da relação cálcio/magnésio do solo.

Práticas de conservação do solo

As práticas de conservação do solo visam proteger o solo da erosão, melhorar a infiltração e o armazenamento de água, aumentar a matéria orgânica e a biodiversidade do solo, reduzir as perdas de nutrientes e diminuir os custos de produção.

práticas de conservação do solo - palhada e plantio em nível
Figura 3. Práticas de conservação do solo. Fonte: Ageitec (2021).

As principais práticas de conservação do solo para a cultura do milho são o plantio direto, o terraceamento, as curvas de nível, o cultivo mínimo, a rotação de culturas, as culturas de cobertura e o manejo de plantas daninhas.

Estas práticas visam reduzir a compactação e erosão do solo, além de trazer inúmeros benefícios para as culturas agrícolas.

A compactação do solo é o processo onde o solo é submetido a uma pressão ou impacto significativo, resultando na redução do espaço entre as partículas do solo.

Esse fenômeno compromete a porosidade do solo, afetando negativamente a sua capacidade de permitir a passagem de ar e água, bem como de absorver nutrientes essenciais.

Como resultado, a compactação do solo representa uma ameaça ao desenvolvimento saudável das raízes das plantas.

Para evitar esse problema, é crucial adotar práticas agrícolas apropriadas, como a rotação de culturas e a implementação de métodos de cultivo mínimo.

Além disso, o uso de equipamentos agrícolas adequados e a minimização da circulação em áreas com umidade elevada são medidas eficazes para prevenir a compactação do solo.

Por outro lado, a erosão do solo é a remoção da camada superficial do solo, geralmente causada pela ação da água da chuva, vento e atividade humana.

Esse processo tem repercussões prejudiciais, já que acarreta a perda de nutrientes vitais para o crescimento das plantas e pode levar à degradação da qualidade do solo ao longo do tempo.

Dessecação das plantas de cobertura

As plantas de cobertura são cultivadas na entressafra ou na safrinha para produzir palhada que cobre o solo e traz benefícios como a redução da erosão, a melhoria da fertilidade, a supressão de plantas daninhas, a fixação biológica de nitrogênio e a diversificação da renda.

As plantas de cobertura devem ser dessecadas antes da semeadura do milho para facilitar o plantio, evitar a competição com a cultura, liberar nutrientes pela decomposição da palhada e controlar pragas e doenças.

A dessecação das plantas de cobertura é feita com herbicidas pós-emergentes, como glifosato. O momento ideal da dessecação depende da espécie da planta de cobertura, do estádio fenológico, da altura da planta, da umidade do solo e do clima.

Em geral, recomenda-se dessecar as plantas de cobertura quando atingirem 50% de florescimento ou 10 dias antes do plantio do milho.

Implantação da lavoura de milho

A implantação da lavoura de milho – plantio do milho, é uma etapa fundamental para garantir uma boa produtividade e qualidade dos grãos.

Para isso, é preciso considerar alguns aspectos, como o calendário de semeadura, o tratamento de sementes e a plantabilidade.

Veja a seguir alguns tópicos sobre esses aspectos:

Época de plantio: calendário de semeadura do milho

O calendário de semeadura é a definição da época mais adequada para o plantio do milho, levando em conta as condições climáticas, o ciclo da cultivar, a disponibilidade de água e a incidência de pragas e doenças.

calendário de semeadura do milho no Brasil

Figura 4. Calendário de semeadura do Milho no Brasil. Fonte: Conab (2023).

O calendário de semeadura varia de acordo com a região e o sistema de produção. No Brasil, existem duas épocas principais de plantio do milho: a safra normal ou verão e a safrinha ou segunda safra.

A safra normal corresponde ao plantio realizado entre setembro e dezembro nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e entre agosto e novembro nas regiões Norte e Nordeste.

A safrinha corresponde ao plantio realizado entre janeiro e março nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, após a colheita da soja.

A escolha da época de plantio deve considerar a janela ideal de semeadura, que é o período em que há maior probabilidade de obtenção de altas produtividades.

A janela ideal de semeadura depende da duração do ciclo da cultivar, da temperatura, da precipitação, da radiação solar e do risco de geadas.

Tratamento de sementes e inoculação

O tratamento de sementes é a aplicação de produtos químicos ou biológicos nas sementes antes do plantio, com o objetivo de protegê-las contra pragas e doenças que podem afetar a germinação, o estabelecimento e o desenvolvimento das plantas.

semente de milho tratada

Figura 5. Sementes de milho tratadas. Fonte: Syngenta (2023).

O tratamento de sementes pode ser feito na indústria ou na propriedade rural, utilizando equipamentos adequados para garantir a uniformidade e a qualidade da aplicação.

O tratamento de sementes pode incluir fungicidas, inseticidas, nematicidas, bactericidas, micronutrientes, inoculantes, reguladores de crescimento e outros produtos.

A escolha dos produtos deve levar em conta as características das sementes, as condições do solo, as pragas e doenças presentes na área e as recomendações técnicas para cada cultivar.

Para a realização correta desta etapa importante para a cultura do milho, é sempre importante consultar um profissional da engenharia agronômica.

Inoculação com Azospirillum brasilense

Azospirillum brasilense é uma bactéria promotora do crescimento de plantas – capaz de suprir, parcialmente a necessidade de nutrientes, principalmente nitrogenados, na cultura. 

Para a cultura do milho o uso da bactéria Azospirillum brasilense (estirpes Ab-V5 e Ab-V6) já está consolidado no Brasil e resultados da Embrapa indicam que o produtor pode reduzir até 25% da dose de fertilizantes nitrogenados em cobertura após a inoculação das sementes sem perdas na produtividade. 

Ainda assim, alguns consultores não recomendam essa redução de dose, embora recomendem o uso consorciado da adubação nitrogenada juntamente com a inoculação de Azospirillum.

Plantabilidade: você está fazendo certo o plantio?

A plantabilidade é a qualidade do processo de semeadura do milho, que envolve a distribuição uniforme das sementes no solo, na profundidade adequada, no espaçamento desejado e na população ideal.

boas práticas de plantabilidade

Figura 6. Boas práticas de plantabilidade. Fonte: Nidera (2022).

A plantabilidade depende do ajuste correto da semeadora, da velocidade de trabalho, das condições do solo e das características das sementes.

Uma boa plantabilidade resulta em um estande uniforme de plantas, que favorece o aproveitamento dos recursos ambientais, a competição com as plantas daninhas e a expressão do potencial produtivo da cultura.

Uma plantabilidade ruim pode causar falhas ou duplas na linha de semeadura, que prejudicam a produtividade e a qualidade dos grãos. Estas falhas resultam em prejuízos para o produtor rural.

Para evitar esses prejuízos em sua lavoura, lembre-se dos três fatores definem a plantabilidade:

  • A uniformidade na distribuição das sementes;
  • A população correta;
  • A profundidade adequada.

Os erros comuns no plantio de milho que devem ser evitados incluem o uso de sementes e fertilizantes de baixa qualidade, velocidade inadequada de semeadura, inadequação de discos e anéis em semeadoras mecânicas, e falhas na pressão de vácuo em semeadoras pneumáticas. Para saber mais sobre o assunto, leia nosso artigo: 4 erros comuns no plantio do milho.

Tratos culturais e manejo integrado de pragas e doenças na cultura do milho

Dentre as principais doenças que atacam a cultura do milho temos:

  • Ferrugens: ferrugem-polissora, ferrugem-comum e ferrugem-branca
  • Manchas foliares: cercosporisoe, helmintosporiose, mancha-de-Bipolaris e mancha-branca
  • Enfezamento do milho

Dentre as principais pragas que atacam a cultura do milho, temos:

O controle destas pragas e doenças deve se iniciar com tratos culturais e Manejo Integrado de Pragas (MIP) e doenças na cultura do milho. Veremos abaixo algumas dessas práticas:

MIP manejo integrado de pragas e doenças
Figura 7. MIP. Fonte: Nysipm (2022).

Rotação de Culturas: A rotação de culturas é uma prática agrícola que consiste em alternar diferentes espécies vegetais em uma mesma área, em um determinado período.

A rotação de culturas traz diversos benefícios para o solo, para as plantas e para o ambiente. Aprenda um pouco mais sobre cada um:

  • Melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, aumentando a sua fertilidade, a sua capacidade de retenção de água e a sua resistência à erosão;
  • Reduz a incidência e a severidade de pragas, doenças e plantas daninhas, quebrando o ciclo desses organismos e diminuindo a necessidade de uso de agrotóxicos;
  • Aumenta a diversidade de culturas, proporcionando uma maior oferta e variedade de alimentos, fibras, energia e outros produtos agrícolas;
  • Otimiza o uso de máquinas, equipamentos, mão de obra e insumos, reduzindo os custos de produção e aumentando a rentabilidade do produtor.

Para implantar um sistema de rotação de culturas, é preciso considerar alguns fatores, como as condições climáticas, as características do solo, as exigências das culturas, os objetivos do produtor e as demandas do mercado.

As espécies escolhidas para compor o sistema devem ter ciclos diferentes, hábitos de crescimento distintos, sistemas radiculares complementares e propósitos comerciais ou ambientais.

Para a cultura do milho, iremos destacar o seguinte ponto:

Milho: É uma cultura exigente em nutrientes e água, que produz grande quantidade de palhada e grãos.

O milho deve ser cultivado após uma cultura que recebeu boa adubação, como feijão, batata ou algodão.

O milho pode ser consorciado com leguminosas que fixam nitrogênio no solo, como feijão-de-porco, crotalária ou mucuna.

Lembre-se que esse esquema pode variar conforme as condições locais e as preferências do produtor rural. O importante é manter uma alternância entre culturas de diferentes famílias botânicas e diferentes finalidades.

A rotação de culturas é uma prática que requer planejamento e monitoramento constante, mas que traz resultados positivos para a sustentabilidade da agricultura. Em caso de dúvidas, contate sempre um Engenheiro Agrônomo.

Monitoramento Constante: O monitoramento constante é uma atividade que visa acompanhar o desenvolvimento das culturas, a ocorrência de pragas e doenças, a disponibilidade de água e nutrientes, as condições climáticas e outros fatores que podem afetar a produtividade e a qualidade dos grãos.

A prática permite identificar problemas e tomar decisões de manejo adequadas, evitando perdas e desperdícios. O monitoramento constante pode ser feito por meio de observações visuais, coleta de amostras, uso de sensores, drones, satélites e outros instrumentos.

Manejo de Plantas Daninhas: As plantas daninhas são um dos principais problemas que afetam as lavouras de milho, pois competem com a cultura por recursos como água, luz, espaço e nutrientes, reduzindo a produtividade e a qualidade dos grãos.

milho infetado por planta daninha
Figura 8. Lavoura infestada por plantas daninhas. Fonte: Paraquart information center (2022).

Entre as plantas daninhas que mais atacam o milho, destacam-se as gramíneas, como o capim-amargoso (Digitaria insularis) e o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), e as folhas largas, como a buva (Conyza spp.), o caruru (Amaranthus spp.) e a corda-de-viola (Ipomoea spp.).

Essas plantas daninhas apresentam características que dificultam o seu controle, como a alta capacidade de produção e dispersão de sementes, a resistência a herbicidas e a adaptação a diferentes condições ambientais.

Para manejar essas plantas daninhas, é necessário adotar medidas integradas, que envolvem o uso de cultivares resistentes ou tolerantes, o plantio em época adequada, o tratamento de sementes, a rotação de culturas, as culturas de cobertura, o manejo de plantas daninhas na entressafra e o controle químico seletivo e racional.

Os herbicidas pré-emergentes mais utilizados no milho são atrazine, s-metolachlor, alachlor e dimethenamid.

Enquanto os herbicidas pós-emergentes mais utilizados no milho são nicosulfuron, tembotrione, halosulfuron e bentazon.

Antes de usar qualquer defensivo agrícola, contate um engenheiro agrônomo, pois uso de agroquímicos, como fungicidas e inseticidas, deve ser feito com responsabilidade e seguindo as recomendações técnicas. O manejo integrado de pragas visa minimizar a dependência desses produtos.

Estratégias de Controle Biológico: Como vimos anteriormente, o controle biológico é uma forma de manejo de pragas e doenças que utiliza organismos vivos, como insetos, ácaros, fungos, bactérias e vírus, para reduzir as populações ou os danos causados por agentes nocivos à cultura do milho.

O controle biológico pode ser natural ou aplicado, dependendo da origem e da forma de introdução dos agentes de controle biológico na área cultivada.

O controle biológico pode trazer benefícios econômicos, ambientais e sociais para os produtores de milho, como a redução do uso de agrotóxicos, a preservação da biodiversidade, a melhoria da qualidade dos grãos e a segurança alimentar dos consumidores.

controle biológico em milho
Figura 9. Percevejo Podisus (Podisus nigrispinus) predando lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda). Fonte: Elevagro (2022).

Algumas estratégias de controle biológico para o milho são:

  • Uso de insetos predadores ou parasitoides;
  • Uso de fungos, vírus, nematóides e bactérias entomopatogênicos;

Lembre-se que essas estratégias devem ser adotadas em conjunto com outras medidas de manejo integrado de pragas (MIP).

Manejo nutricional do milho e efeitos dos estresses abióticos na produtividade da cultura

O manejo nutricional do milho envolve a aplicação de nutrientes essenciais para o desenvolvimento e a produtividade da cultura, como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e micronutrientes.

A deficiência ou o excesso de qualquer um desses nutrientes pode afetar negativamente o crescimento, a formação de grãos e a qualidade do produto.

Explicamos detalhadamente parte desses assuntos em dois artigos do nosso blog: Adubação nitrogenada de milho segunda-safra e Adubação foliar para o milho.

Um dos micronutrientes mais importantes para o milho é o boro, que participa de diversos processos fisiológicos e bioquímicos na planta, como a absorção iônica, o transporte e o metabolismo de carboidratos, a síntese de lignina, ácidos nucleicos e proteínas, e a divisão e diferenciação celular.

A aplicação de boro na cultura do milho pode aumentar a produção de matéria seca, a massa e o número de grãos por espiga, e a eficiência da adubação fosfatada.

Outro micronutriente que tem grande influência na cultura do milho é o manganês, que atua na síntese da clorofila e no metabolismo energético. É preciso ter cuidado com as fontes e as doses de utilizadas, pois algumas fontes de manganês podem reagir com o glifosato e reduzir sua eficiência ou causar fitotoxicidade na planta.

Os estresses abióticos, por sua vez, são fatores ambientais que podem limitar o potencial produtivo do milho e de outras culturas, como radiação solar, déficit hídrico, fotoperíodo e temperaturas extremas.

Esses fatores podem causar alterações no metabolismo da planta, como redução da fotossíntese, aumento da respiração, acúmulo de compostos tóxicos ou protetores, e alteração no balanço hormonal.

Essas alterações podem resultar em menor crescimento vegetativo, menor formação de espigas e grãos, menor peso de grãos e menor qualidade do produto.

Mas não preocupe, existem algumas estratégias que você pode usar em sua lavoura para reduzir os efeitos do estresse abiótico:

  • Escolher cultivares adaptadas às condições climáticas da região; realizar um manejo adequado do solo, da água e das plantas daninhas;
  • Utilizar práticas culturais que favoreçam o microclima da lavoura; aplicar reguladores de crescimento ou substâncias indutoras de resistência;
  • Utilizar Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) como bioestimulantes.

Viu só? Com o conhecimento necessário é possível aumentar a produção de sua lavoura e reduzir problemas que implicam na sua produtividade.

Pós-colheita, armazenamento, beneficiamento e processamento do milho

A pós-colheita, o armazenamento, o beneficiamento e o processamento do milho são etapas importantes para garantir a qualidade, a conservação e a agregação de valor do produto.

grãos de milho próximos aum silo de armazenamento
Figura 10. Processo de armazenamento do milho. Fonte: Gran Milho (2022).

Veja abaixo alguns pontos que destacamos sobre essas etapas:

A pós-colheita do milho envolve a colheita, a limpeza, a secagem e o transporte dos grãos.

A colheita deve ser feita no momento adequado, quando os grãos atingirem o teor de umidade ideal para o armazenamento, que varia de 13% a 15%.

A limpeza consiste na remoção de impurezas, matérias estranhas e grãos defeituosos.

A secagem é necessária para reduzir a umidade dos grãos e evitar a deterioração por fungos e insetos.

A secagem pode ser natural ou artificial, dependendo das condições climáticas e da disponibilidade de equipamentos. O transporte deve ser feito com cuidado, evitando danos mecânicos e contaminações dos grãos.

O armazenamento do milho é a conservação dos grãos em condições adequadas de temperatura, umidade, ventilação e proteção contra pragas e doenças.  Essas condições são importantes para evitar problemas como milho ardido.

O armazenamento pode ser feito em silos, armazéns ou sacarias, dependendo da quantidade e da finalidade dos grãos.

O armazenamento deve ser monitorado constantemente, verificando-se os parâmetros de qualidade dos grãos e realizando-se medidas de controle preventivo ou curativo.

O beneficiamento do milho é o conjunto de operações que visam melhorar as características físicas e sanitárias dos grãos, como a classificação, a seleção, o descascamento, o polimento e o tratamento térmico.

O beneficiamento pode ser feito na unidade de armazenagem ou em unidades específicas de beneficiamento. O beneficiamento pode aumentar o valor comercial dos grãos, facilitar o processamento posterior e reduzir as perdas por pragas e doenças.

O processamento do milho é a transformação dos grãos em produtos alimentícios ou industriais, como farinha, fubá, canjica, pipoca, óleo, amido, etanol e xarope.

O processamento pode ser feito em unidades industriais ou em unidades artesanais ou familiares. O processamento pode agregar valor aos grãos, diversificar a oferta de produtos e gerar renda para os produtores.

Mercado do milho: definição de preço e utilização dos subprodutos

O milho é um dos principais produtos agrícolas do Brasil e do mundo, sendo utilizado para diversos fins, como alimentação humana, animal e industrial.

O mercado do milho é influenciado por vários fatores, como a oferta e a demanda, os custos de produção, os preços internacionais, as políticas públicas, o clima e as pragas e doenças.

A definição de preço do milho depende da interação entre esses fatores, que podem variar de acordo com a região, a época e o sistema de produção.

Os subprodutos do milho são os produtos derivados do processamento do grão, que podem ser destinados para diferentes segmentos do mercado.

Os subprodutos do milho podem ser classificados em dois grupos: os subprodutos para consumo humano e os subprodutos para consumo animal.

Alguns exemplos de subprodutos para consumo humano são: fubá, farinha, óleo, amido, xarope, etanol e pipoca.

Alguns exemplos de subprodutos para consumo animal são: silagem, farelo, rolão, grãos e DDG.

Os subprodutos do milho têm grande importância econômica, social e ambiental, pois agregam valor ao produto principal, diversificam a oferta de alimentos e energia, geram renda para os produtores e reduzem o desperdício de recursos.

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Este post tem um comentário

  1. Raimunda Costa Rodrigues

    Olá bom dia,adorei saber que o milho é muito importante não só no alimento humano como animal,essa matéria é de grande valia na nossas vidas!

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